Vários setores econômicos foram abalados, nas últimas décadas, com o surgimento de startups, tais como o de hospedagem com a proposta da Airbnb e o de táxis com a do Uber. Não foi diferente com o mercado financeiro, com as chamadas fintechs – startups com soluções tecnológicas para a área financeira –, a partir de 2010 no Brasil. Muitas das fintechs foram idealizadas para atuar nas lacunas que os grandes e tradicionais bancos deixaram abertas. Passaram a oferecer soluções inovadoras que atendiam – e ainda atendem – demandas de consumidores.
Rapidamente, elas caíram no gosto não só dos brasileiros, mas também mundo afora. Especialmente por serem soluções menos burocráticas, mais amigáveis e, ainda, de menor custo para o cliente. Basta ver que uma pessoa abre uma conta online, num desses bancos 100% digitais, em questão de minutos, sem ter que ir a uma agência, esperar para ter um atendimento obrigatoriamente presencial, levar vários documentos e obter – quando consegue – um crédito naquela instituição, num processo que pode levar dias.
Por conta desses diferenciais, as fintechs tiveram crescimento explosivo até 2021, incluindo algumas que figuram na lista de unicórnios (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão), como Nubank, C6 Bank, PagSeguro, entre outras. Entretanto, logo veio uma quase ausência dos investimentos de venture capital em startups globalmente; e geralmente são esses aportes que suportam o crescimento dessas empresas.
A partir de agora, em 2024, o cenário promete mudar a favor das fintechs, principalmente porque muitas delas se preparam para atuar também no mercado B2B – e não só mais junto a pessoas físicas (o B2C), como é na maioria. O alerta é da Anbima: “as fintechs entram em 2024 decididas a gerar resultados positivos com foco nos mercados B2B, no Brasil e no resto do mundo. Para quem atua nos mercados financeiro e de capitais, conhecer os planos dessas startups pode ser um exercício esclarecedor de para onde sopram os ventos de inovação do setor”.
O novo posicionamento esperado é porque, das fintechs globais de capital privado mais promissoras, dois terços delas estão na categoria B2B, conforme a listagem Fintech 100, divulgada em outubro de 2023 pela CB Insights.
Desafio: Prevenção à Lavagem de Dinheiro
Se por um lado, o novo nicho pode representar crescimento potencial aos negócios e à lucratividade, além de se tornar mais atrativa para investidores; por outro lado, atuar no B2B traz ainda mais complexidade a um desafio já existente para as fintechs: a Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD).
Esse crime, que vem ocorrendo em contas de pessoas físicas nos bancos digitais, provavelmente será estendido às contas jurídicas, incluindo empresas “laranja”, muitas vezes criadas com a finalidade de branqueamento de capitais. Como os princípios da legislação e regulamentações relacionadas à Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (PLD-FT) são amplos e nem tudo de fácil entendimento, as fintechs precisarão ter capacidade de análise de quais são os melhores mecanismos a serem adotados para cada perfil de cliente.
Uma fintech unicórnio tem uma boa estrutura de compliance e de gestão de riscos, com pessoas especializadas tanto nas normas e regras gerais do sistema financeiro quanto da legislação e mecanismos de PLD-FT. Porém poucas fintechs têm o gigantismo desses unicórnios e precisam combater fraudes e golpes como qualquer instituição financeira. Em qualquer um dos casos, é a tecnologia que dá o suporte para a fintech estar em conformidade.
KYC, muito além do onboarding
É fundamental, conforme a legislação, ter o processo de KYC (Know Your Customer ou Conheça Seu Cliente). E não basta o KYC só no onboarding, mas a fintech deve monitorar continuamente todo o ciclo de relacionamento que tem com cada cliente.
Quando bem-feito, o processo reduz “muito o risco de [a fintech] estar exposta a multas ou envolvida em algo que não seja legal”, afirmou Diogo Amancio, country manager da Regcheq, durante webinar realizado em dezembro de 2023, em parceria com os portais Finsiders e Fintechs Brasil. “KYC, então, é gestão de riscos, prevenção contra fraudes, mas ao mesmo tempo o ‘como se faz’ é muito importante.”
A tecnologia desenvolvida pela Regcheq busca, consolida e cruza as informações coletadas no KYC com listas de pessoas politicamente expostas (PEPs), sanções internacionais, entre outras fontes de dados. Ao todo são cerca de 1,5 mil listas nacionais e internacionais, cujas informações são cruzadas, gerando uma inteligência para que a fintech saiba realmente com quem ela está se relacionando.
Pronta para atrair investidores?
Durante esse mesmo webinar, Diego Perez, presidente da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), destacou a importância do KYC e da PLD-FT para as novas rodadas de captação de investimentos, inclusive de venture capital, que as fintechs esperam para este ano. “Esses investidores são muito zelosos e cuidadosos no sentido de onde vão colocar o dinheiro. É um dos primeiros itens analisados na ‘due diligence’”, apontou Perez.
Então, as fintechs, independentemente de seu tamanho, precisam revisitar seus processos de compliance e de KYC não só para mitigar riscos, mas também para estarem prontas para atraírem o capital dos investidores. Conte com a Regcheq e sua plataforma digital SaaS (Software as a Service) para dar robustez à consolidação de dados que vão apoiar as melhores tomadas de decisões.