O mercado de bens de luxo vem dando saltos em vendas nos últimos anos. Paralelamente, a mídia não para de noticiar apreensões de produtos caríssimos, durante investigações de operações de lavagem de dinheiro.
A receita estimada pelo setor de luxo para 2023, globalmente, é de US$ 1,64 trilhão, 12% acima de 2022, de acordo com levantamento da consultoria Bain & Company, como publicado pela VC S/A. Isso apesar de todos os indícios de recessão mundial.
No Brasil, o crescimento anual do setor tem sido de incríveis 18%, nos últimos cinco anos, conforme estudo também da Bain, o qual foi encomendado por Valor e Vogue e divulgado em dezembro de 2023. Em 2022, a receita foi de R$ 74 bilhões.
A consultoria estima expansão de 6% a 8% ao ano, chegando a 2030 com faturamento do setor na casa dos R$ 133 bilhões. A pesquisa no Brasil englobou os segmentos de moda e itens pessoais, imóveis, automóveis, saúde, aeronaves privadas, iates, arte, hotéis e bebidas finas.
Obviamente que nem todos os consumidores de artigos luxuosos estão envolvidos em ações criminosas, mas com certeza estão entre eles pessoas que obtiveram ganhos com atividades ilícitas. As diversas notícias, que vêm a público, são provas disso. Também atestam que grupos criminosos, ao enriquecerem através de atividades ilegais, gostam da ostentação e do glamour.
Um bom exemplo é a Operação Ouranós, divulgada pela Agência Estado, através da qual a Polícia Federal (PF) identificou “uma quadrilha que, por meio de uma pirâmide financeira com supostos investimentos em criptomoedas, captou ilegalmente mais de R$ 1 bilhão de aproximadamente 7 mil investidores em 17 estados do Brasil e até no exterior”.
Nessa operação, deflagrada no final de novembro de 2023, a Justiça ordenou o bloqueio e sequestro de bens avaliados em cerca de R$ 400 milhões. Entre esses bens, encontram-se 473 imóveis, uma aeronave, 10 embarcações e 40 veículos de luxo. As investigações, iniciadas em 2020, estão concentradas em crimes de lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa e crimes contra o sistema financeiro nacional.
Como apurou a Agência Estado, o rastreamento dos recursos ilícitos “mostrou que os investigados realizavam uma espécie de ‘centrifugação de dinheiro’, sistema em que são utilizados vários níveis em contas de passagem, com fracionamento de transferências bancárias”.
Logo depois, no início de dezembro, a Delegacia de Investigação à Lavagem de Dinheiro (DLAV), da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), deflagrou a operação Cifra Oculta, como noticiou o G1. Foi mais uma operação contra lavagem de dinheiro, desta vez com origem no tráfico de drogas. A equipe da Polícia Civil apreendeu um helicóptero e 24 veículos de luxo, além de imóveis, saldos em contas bancárias e criptomoedas, num total de R$ 50 milhões.
O aumento da valorização de produtos de luxo, como tem acontecido, pode atrair ainda mais os grupos envolvidos em lavagem de dinheiro. Segundo pesquisa da empresa de dados Edited, divulgada pela VC S/A, em nível mundial, “os produtos de luxo estão em média 25% mais caros desde 2019 – 5 pontos percentuais acima da inflação do dólar no período. Num horizonte mais longo, em certos casos, a alta é surrealista. Uma pesquisa do New York Times mostrou que uma bolsa da Chanel vendida por US$ 1.650 em 2008 hoje custa US$ 10.200 – se tivesse sido ajustada apenas pela inflação, ela sairia por US$ 2.360”.
Os setores que negociam produtos glamourosos e de alto valor monetário precisam se proteger da ganância de criminosos. Frequentemente, criminosos recorrem a alguns estabelecimentos do mercado de luxo como mais uma etapa de lavagem de dinheiro, cuja origem é proveniente de ações ilícitas.
Na mira, estão estabelecimentos que comercializam carros de luxo, iates, aviões e helicópteros. Também estão no radar joalherias, galerias de arte, leiloeiros, negociantes de antiguidades, de objetos de arte, assim como de joias, pedras e metais preciosos. Cuidado extra deve ser tomado quando a aquisição é feita parcial ou totalmente em dinheiro vivo.
A recomendação, sempre, é seguir as boas práticas do KYC (Know Your Customer, ou conheça seu cliente, em português). É um conjunto de ações e estratégias de compliance, que visa verificar a identidade do cliente e se prevenir de ter uma relação comercial ou empresarial com alguém envolvido em atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e fraudes.
A Regcheq, com suas soluções feitas sob medida, ajuda as empresas na coleta de informações de clientes, fornecedores e parceiros, o que mitiga o sério risco de envolvimento em ações ilegais. Assim, evita-se impactos negativos financeiros e reputacionais.